sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Em construção

Eu tentei
tentei ser feliz da maneira perfeita
mas se a matéria, as intempéries, as erosões, e a alerj, não me permitirem
me contento
e sou feliz....

....e meu assassino, não me permitirem
eu me contento
e me perdoo

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Patricias, Robertas e Julianas

Beijo os lábios de Patrícia, são grandes e quentes
Ela me beija faminta
Saboreio seu gosto de doce de maçã verde com calda de açúcar
Me excito com o fio transparente se soltando dos dedos
Calores bem vindos que me impelem a amar francamente 
Ah, como mexe comigo essa Roberta

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

...

Definitivamente não sou um deus curandeiro,
não tenho cura para nada,
logo,
tenho evitado cair doente

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Vão-se os dedos, ficam os anéis

Vão-se os dedos, ficam os anéis. Já dizia um velho macaco ascetista.  Em tempos de crise, farinha muita, meu alfajor primeiro.  Enquanto a crise chupa as mangas dos descamisados, o closet de Dona Catarina estoca chinchilas e brilhantes para o inverno carioca, que já se foi por esta semana.


As prioridades agora são outras, desculpe cidadão, mas o senhor está na fila errada. Dia 12 abrem as inscrições e o cadastro é via telefone para os cursos on line de gestão de cenários para futuros promissores, a taxa é única, incluindo o seguro contra asteroides, mas cuidado para não perder o papel, nem o prazo de retirada de seu MacLanche Feliz :)

Até logo, caríssimos, até a próxima nau. Quem sabe a sorte não mude de lado e te mande moreno claro, cabelos castanhos e herança neo colonial.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Batalha no mar, o dia seguinte Uma aventura nos mares de São Paulo

21 de maio de 2015, quinta a noite. Envio um email as pressas para minha chefe, amanhã, sexta-feira, não poderei comparecer ao trabalho. Vou à São Paulo, inscrever uma obra, mais uma marinha, na “EXPOSIÇÃO DE ARTES – 2015, OS 150 ANOS DA BATALHA NAVAL DO RIACHUELO”, salão promovido pelo CENTRO CULTURAL DA MARINHA EM SÃO PAULO DO COMANDO DO 8º DISTRITO NAVAL, Localizado na Avenida 9 de julho, nº 4597.
Foi uma decisão confusa. Gastar dinheiro em uma missão praticamente impossível. Mas, se o dinheiro não for para ser gasto, para que então? Terminada também às pressas a pintura de demais adaptações no novo suporte desta nova marinha, desta vez emoldurada e protegida por uma formosa caixa de MDF comprada no mercado popular do Saara poucos dias. As pressas adquiri um câmera espiã em forma de chaveiro de carro para gravar a entrega do trabalho e pegar o diálogo com centro cultural.
Copos embrulhados em jornais, areia e água da Praia do Flamengo armazenadas em garrafas plasticas catadas pela praia no dia anterior, Moldura branquinha em um saco dentro de outro saco dentro de outro, roupas envolvendo os copos, câmera espiã no bolso, enfim, malas prontas, 1h45 da manhã, saio de casa rumo à Rodoviária Novo Rio (por ideia, bem perto de casa)
Por sorte, o ultimo ônibus, um extra. Passagem salgada, mas o que não o é? Incrivelmente durmo bem durante a viagem, coisa rara, dessa vez, o salgado foi doce, outra coisa rara.
Enfim, 8h da manhã, terminal Tietê. Mala pesada de rodinhas sendo arrastada pelo centro de São Paulo. Agora é traçar um plano.
Comer, ir na lan house, correr atrás do últimos detalhes (sim, a obra não está 100% pronta), falta a assinatura (iten imprescindivel segundo o edital). Como assinar um copo com areia e agua dentro? Boca na coxinha, cabecinha matutando, preciso de um tecido e linha, penso eu.
Pego endereços na internet das coisas que faltam. Consulto google maps.  Plano traçado. Vou. No caminho a sorte. Uma placa de “costureira”. Uma baiana, linda, jovial.  Digo o que quero, pelas vias formais do capitalismo meu serviço custaria R$38 reais e 3 dias.  Dialogo com a linda baiana, ela entende o que quero. Pega um pano, uma linha, e borda meu nome manualmente: FABI. A linha era azul escura, como o mar no horizonte. Fica perfeito. 5 minutos e 10 reais. Sorrio e saio feliz. Digo que aquilo vai compor uma obra exposta no centro cultural da marinha. Ela diz, ah legal.
Parto. Vou rumo ao centro cultural. É um pouco longe, mas já tinha pensado nisso, por isso a mala com rodinhas. Finalmente chego em frente ao prédio. Bate a insegurança. Preciso de um “cantinho”. Acho um cantinho na calçada da esquina. Abro a mala, desembrulho os copos. Trouxe vários para varias opções. No caminho repensei coisas, inclusive o nome, esta marinha é outra, para outro espaço, outra ocasião, o edital  é claro, a exposição é em alusão aos 150 ANOS DA BATALHA NAVAL DO RIACHUELO. A obra é distante do comum, logo, precisa de ajuda, de índices que a tragam pra mais perto. Então, firmei meu novo plano. Os copos rachados, quase uniformes, nada lembram os coqueteis de Copacabana, e o nome: “Batalha no mar, o dia seguinte” é a cartada final para sacralizar a pintura.
Finalmente, ligo minha câmera espiã e entro no centro cultural. Um marinheiro vem até a mim. Digo que é sobre a exposição. Ele vai chamar o responsável. Vem um homem em trajes “esporte fino”, Sargento Resende. Digo que estou ali pra inscrever minha obra. Conversa vai, conversa vem, ele pergunta de onde vim, e digo, Rio de janeiro. Ah, eu também sou do Rio, diz ele. Sou de Duque de Caxias, digo eu. Ah, já trabalhei em Caxias, morava em Nova Iguaçu.
Como dizem por aí, tamu em casa...
Apresento minha obra, na verdade, os materiais dela. Ele não parece exigir a obra montada, e por motivos práticos, não levei a esse ponto. Apenas mostrei e expliquei como ela deveria ficar no final. Ele é bastante receptivo, diz que já recebeu inúmeros trabalhos, muitos não tinha haver com a exposição, como quadros de Jesus Cristo e outros feitos em papelão colados com fita durex, mas que ele recebe tudo e passa para os curadores. Explico que se trata de uma Marinha Read made. Ele diz, ih, agora tu falou inglês pra mim. De fato!
Explico de forma solta o conceito, ele parece interessado, e faz uma associação entre o nome da obra e a mesma, afinal, no dia seguinte da batalha tá tudo quebrado!
Ele pergunta pela ficha de inscrição. Eu não trouxe. Aqui não tem?respondo.  Não, você deveria trazer junto da obra, mas como você veio do Rio vou quebrar esse galho  pra você.
Ele vai à secretaria imprimir a ficha de inscrição pra mim e enquanto isso gravo detalhes da sala do centro cultural cheio de bustos, brasões, bandeiras e pinturas óleo. Minutos depois volta muito gentil. Preencho. Guardamos as “coisas” numa sacola retornável de super mercado, dessas com a calçada de Copacana. Digo que preciso deixar um documento com as instruções de montagem, mas ele diz, mas sou eu que vou montar, não se preocupe.
Batemos mais um pouco de papo, noticias do rio, cerveja e facadas. Ele me pergunta se eu fui pra São paulo só pra isso. Digo que vou aproveitar para fazer passeios culturais. Malandramente, o gentil sargento olha minhã câmera espião (travestida de chaveiro de carro) e diz, cê veio de carro.
E eu, prontamente respondo, "nião".
Bla, bla, bla, são muitas obras, eles vão selecionar e devem te mandar um email.
Ok, obrigada Sargento, até!

Fim.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Beijinhos na testa
Edredom quentinho
Bom dia!
E vai o trabalhador cavar a vida
Cai a noite
Um perdido feroz
E você fugiu com o padre
Me deixou de terno
No inverno
do Rio de janeiro

terça-feira, 23 de junho de 2015

Ressaca em Copacabana - Uma Marinha Read Made para Dona Teresinha

Abril de 2015, uma tarde ensolarada. Saio de casa com uma bolsa pesada rumo à tradicional Sociedade Brasileira de Belas Artes.  Na bolsa, minha mais estimada obra, “Ressaca em Copacabana”. O tal retrato, pesando bastante na tal bolsa, ainda precisaria ser montado para fazer parte da exposição daquele mês.
Chego  na Rua do Lavradio nº 84, na confluência da Rua da Relação com a Avenida Chile, na Lapa, eis que entro o Solar do Marquês do Lavradio, onde  há 40 anos abriga-se a Sociedade Brasileira de Belas Artes. Falo de meu desejo de expor um trabalho ali. A atendente puxa uma ficha e informa que são R$ 95,00. Digo ok, mas que antes precisámos ver como se daria a exposição de meu trabalho, tendo em vista que não era uma tela bidimensional. A atendente diz, então conversa com a Dona Teresinha.
Dona Teresinha, 83, administradora, curadora, marchand e critica de arte. Me apresento e digo de meu desejo de expor meu trabalho alí. Faço ressalvas em relação à montagem. Logicamente, ele precisa ver o trabalho. Tiro as “coisas” da bolsa. Ela olha com rápida curiosidade. Vou tirando os copos, a garrafa de água e a de areia. Disponho os copos em linha reta sobre a prateleira envernizada. Primeiro coloco um pouco de areia no fundo de cada um, depois pego a garrafa de água salgada e jogo no primeiro copo. Os grãos de areia sobem formando um curto e translucido redemoinho, ela diz algo: que isso? Que vai acontecer agora? Nada aconteceu, Dona Teresinha. Termino de preencher os 3 copos com areia e agua do mar. O Redemoinho foi breve, agora a maré descansa. Dona Teresinha olha para a obra. Nada aconteceu, Dona Teresinha, nada aconteceu.
- Então, mas e ái?... Esses copos estão quebrados, você sabia?... Olha, não tem como expor esse trabalho. Como vou colocar isso na parede se o prédio é tombado e não pode furar as paredes (se referindo à prateleira envernizada que dá base à obra). Desculpe, mas não tem como.
- Eu posso adaptar a base e voltar. Vocês tem o calendário de salões?
- Sim, aqui está.
- Ah, então vai ter o salão da Marinha em junho. Vou adaptar o suporte e volto com este trabalho para o salão da marinha.
- Minha querida, no salão da Marinha você não pode participar.
- Mas porque não?
- Olha, eu respeito seu trabalho, entendo sua ideia, mas se você quiser você pode participar do salão de arte decorativa.
- Mas meu trabalho é uma marinha, logo, o ideal é que ele participe de um salão de marinhas.
- Não, não tem como ele entrar no salão de Marinhas.
- Mas eu vou trazê-lo para ao menos ele ser submetido à seleção junto dos demais trabalhos.
- Esse salão é um salão importante onde recebemos todo o apoio da Marinha. Se eu botar esse trabalho os oficiais vão pensar que eu tô de piada com eles.
- Mas a senhora pode ao menos levar este trabalho até eles para que então decidam.
- Querida, eu não vou importunar os oficiais da Marinha com uma “coisa” dessas.
- Bom, então eu vou até o Comando do 1º Distrito Naval, o edital não e público?
- Menina...  
Dessa vez o tom estava bravo
- Se você passar por cima de mim você nunca mais entra nessa Escola, ouviu?
- Mas o edital não é publico? O salão é do primeiro Distrito e a curadoria também, não?
- Não, quem organiza o salão sou eu.  O primeiro distrito nos da uma verba para fazermos um coquetel e eu não vou importunar os oficinais com isso.
Quase 5h da tarde, 1h depois de minha chegada. Os funcionários se movimentam para deixar o expediente. Dona Teresinha continua
- Minha filha, você é teimosa, mas eu sou mais. Sabe quanto anos eu tê nesse ramo? Há 40 anos.  Você estuda artes?
- Sim, na Uerj
- Isso é o que? No Fundão?
- No Maracanã
- Hum, chega um monte de alunos do fundão aqui, não sabem nada, não sabem volume, perspectiva, a gente que ensina tudo. Olha, tá vendo aqui (uma pilha de fichas), aqui é organizado, não é aquela bagunça de Parque Lage, não.
- Ok, Dona Teresinha, vou mudar a base do meu trabalho e volto aqui para sua apreciação.
Fim.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Refletores de caça, orais por nós enquanto vivo


fãs e satélites afastem-se de mim
não os quero mais
seus danados
volúveis
bota e tira o doce
ibope.
Fora com todos
nesta casa 
somente eu
nesse espelho
que eu mesmo sou
somente meu reflexo
reflete
e senti
e morde
minha carne
minha vida
satélites que se danem
que dancem nessa orbita infinita
o fato
são sinais esparsos 
antenas quebradas
silencio e sonhos
vão com todos
pela minha carne
cortar o espaço
em queda livre

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Necessidade

Uma rua entrada por acaso
Um trajeto mal feito
Uma veia que errou de endereço
Uma artéria que esqueceu de alguns ramos neurais
Alguns ramos neurais
Mal formados
Mal nutridos
Algumas células, alguns tecidos
Sobre os quais bateu um vento, bem na hora H
Uma lacuna,
Um gap
Um breu
Um castelo de areia, lindo!
Um saco furado pra guardar as memórias
Pra sufocar as memórias,
As que não se deixam cair pelo caminho
As que grudam no fundo no bolso
Alguns erros que se repetem
Alguns acertos mal parados
E a sorte que se cansou
Deixando na partida
um maço de Hollywood