E se eu te der tudo?
Não quero nada
E se eu te der quase tudo?
Não quero quase nada
E se te der parte?
A parto em metades
E se te der 1/4?
Só até o meio dia
E se te der adeus?
Parto antes da despedida
E se não te der nada?
Nada mais sob medida
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Ciência Lusitana
E lá fica Luizinho com os olhos fitados no espelho
com os olhos marejados, enxutos e contidos...
com os olhos cegos pela imagem derradeira
E lá fica Luizinho... Perdido no branco mármore da Vênus
No branco mármore mudo e frio, nu e alheio aos demais, alheio às plantas e animais, alheio a todas as demais porções frias de rocha; brancas, ruivas ou morenas
Alheio mármore branco
solitário branco e frio,
alheio ao próprio sentido retido por seus lustrados póros
inanimado, mas vivo dentro de uma forma perfeita
parido no branco ocular das mais tímidas falésias
Mas esqueça a Vênus eterna e morta
Lá fica Luizinho, lá...De frente, de fora, de lado
de zig zag entre as ideias, entre razões e falhos cálculos
entre as 9 e 18 horas, entre o horário comercial
entre extensões e pós-graduações
entre a terapia e o cinzeiro
entre as portas de entrada e saída
entre o que foi e o que é
Lá fica Luizinho...
aspirante relutante
paciente de si próprio
de soslaio para o arco iris
com os olhos marejados, enxutos e contidos...
com os olhos cegos pela imagem derradeira
E lá fica Luizinho... Perdido no branco mármore da Vênus
No branco mármore mudo e frio, nu e alheio aos demais, alheio às plantas e animais, alheio a todas as demais porções frias de rocha; brancas, ruivas ou morenas
Alheio mármore branco
solitário branco e frio,
alheio ao próprio sentido retido por seus lustrados póros
inanimado, mas vivo dentro de uma forma perfeita
parido no branco ocular das mais tímidas falésias
Mas esqueça a Vênus eterna e morta
Lá fica Luizinho, lá...De frente, de fora, de lado
de zig zag entre as ideias, entre razões e falhos cálculos
entre as 9 e 18 horas, entre o horário comercial
entre extensões e pós-graduações
entre a terapia e o cinzeiro
entre as portas de entrada e saída
entre o que foi e o que é
Lá fica Luizinho...
aspirante relutante
paciente de si próprio
de soslaio para o arco iris
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Poesia morta
Poeta que não escreve é porque não está tão mal quanto o necessário
Nem tão bem a ponto de dissertar sobre as flores
Poeta que não escreve é mais um no cotidiano
Mais um que acorda, levanta, se banha, trabalha, almoça...
Mais um no metrô lotado impaciente pra chegar à estação
Só mais um que lê, sublinha, debate, cochila, cozinha, janta, assiste e dorme... Mas não sonha
Poeta que não escreve é porque o amor se foi e não deixou recado
Não deixou nem saudade
Só deixou as faturas com vencimento entre os dias 5 e 18
E a falta do que dizer numa boca cheia de letras
Nem tão bem a ponto de dissertar sobre as flores
Poeta que não escreve é mais um no cotidiano
Mais um que acorda, levanta, se banha, trabalha, almoça...
Mais um no metrô lotado impaciente pra chegar à estação
Só mais um que lê, sublinha, debate, cochila, cozinha, janta, assiste e dorme... Mas não sonha
Poeta que não escreve é porque o amor se foi e não deixou recado
Não deixou nem saudade
Só deixou as faturas com vencimento entre os dias 5 e 18
E a falta do que dizer numa boca cheia de letras
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Canastra Limpa
Essa coisa de sempre a verdade, a verdade, a verdade... Grande mentira
Não, não tem como se soltar as palavras na medida certa. Ou as mantemos na rédea curta ou elas vão correndo por aí, e mesmo quando são poucas, são precisas.
Sabe, as palavras sumiram, ficou a cachaça ou a abstinência dela. As palavras sumiram e ficaram os olhos, hora abertos, hora fechados. Ficou no meio da sala uma grande palavra atravessada, um palavrão, CAARAAALHO. E o caralho batia nas coxas, e o caralho batia nos joelhos, batia na cara dependendo da posição. Não, aquele caralho atravessado, não! Pus o caralho pra fora e você bateu a porta.
Essa coisa de sempre a verdade, a verdade, a verdade... Grande mentira. Mas pro caralho essa porta, pois essa porra eu não engulo.
Sabe aquelas palavras mágicas? Aquelas palavras desencadeadoras de encantamentos, ou feitiços, como preferir. Palavras que apartam e desapartam, hora trazem, hora levam. A gente sempre sabe sobre seus comandos, na verdade às vezes se engana, mas não tem jeito. É como uma canastra limpa, não tem como não baixar. Se não, elas se acumulam, se acumulam, até o ponto em que se misturam e escondem seus sentidos.
Mas fim de jogo, quem ganhou?
Mentira, o jogo de palavras, titulares e reservas, se protela. Por hora, apenas jogadores igualmente perdedores e ganhadores. Ao fim, veremos a quem pertence qual verdade. Qual narrativa irá se constituir e qual memória se recriará.
Não, não tem como se soltar as palavras na medida certa. Ou as mantemos na rédea curta ou elas vão correndo por aí, e mesmo quando são poucas, são precisas.
Sabe, as palavras sumiram, ficou a cachaça ou a abstinência dela. As palavras sumiram e ficaram os olhos, hora abertos, hora fechados. Ficou no meio da sala uma grande palavra atravessada, um palavrão, CAARAAALHO. E o caralho batia nas coxas, e o caralho batia nos joelhos, batia na cara dependendo da posição. Não, aquele caralho atravessado, não! Pus o caralho pra fora e você bateu a porta.
Essa coisa de sempre a verdade, a verdade, a verdade... Grande mentira. Mas pro caralho essa porta, pois essa porra eu não engulo.
Sabe aquelas palavras mágicas? Aquelas palavras desencadeadoras de encantamentos, ou feitiços, como preferir. Palavras que apartam e desapartam, hora trazem, hora levam. A gente sempre sabe sobre seus comandos, na verdade às vezes se engana, mas não tem jeito. É como uma canastra limpa, não tem como não baixar. Se não, elas se acumulam, se acumulam, até o ponto em que se misturam e escondem seus sentidos.
Mas fim de jogo, quem ganhou?
Mentira, o jogo de palavras, titulares e reservas, se protela. Por hora, apenas jogadores igualmente perdedores e ganhadores. Ao fim, veremos a quem pertence qual verdade. Qual narrativa irá se constituir e qual memória se recriará.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Galhofa
Tantas doses, combinações e saideiras
Pra lá de mil análises probabilísticas alcoolizadas
Tantos nomes e promessas
expectativas de um crescente fértil
Tantos agentes químicos e naturais
digo, previsíveis e ocasionais
Para quando, no exercício hermenêutico em meio a ordinários sinais,
ter-se o desenvolvimento de um pseudo campo sensorial super sensível
Galhofa
São só ouvidos para dentro
São olhos para a mente projetada no nada do lado de dentro
É só calma e respiração
Mas sabe o que trinca?
O que rompe e trás pro chão?
Tudo
e às vezes nada
Sabe
A maior de todas as ondas
pertence às coisas do amor
Pra lá de mil análises probabilísticas alcoolizadas
Tantos nomes e promessas
expectativas de um crescente fértil
Tantos agentes químicos e naturais
digo, previsíveis e ocasionais
Para quando, no exercício hermenêutico em meio a ordinários sinais,
ter-se o desenvolvimento de um pseudo campo sensorial super sensível
Galhofa
São só ouvidos para dentro
São olhos para a mente projetada no nada do lado de dentro
É só calma e respiração
Mas sabe o que trinca?
O que rompe e trás pro chão?
Tudo
e às vezes nada
Sabe
A maior de todas as ondas
pertence às coisas do amor
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Tomo
Te tomei
Me pus dentro de seu pátio e inflei meus gritos de vitória
Bradei bandeiras em espiral, rodopios dentro de ti
Toquei citara e compus melodias de arranha céus muito maiores do que os muros de pedra
Pulei, saltei, engoli
Saliva e suores disparados do meu coração
E tu
Vibrante feito brisa
Se ateve em me aportar; rodopios dentro de mim
Mas no quinto dia útil
Um motim de fenos e gatos
Saltei muros antes da queda
De quem é a liberdade?
Pés em trilhas, pátio vazio, idéias soltas divagando
Espírito em curso pelas modas
Cambalhotas pelo mundo até o fim do equador
Mas gira o mundo, cai o dia
Cai a noite fria
E novamente me recolheste
Mãos sobrepostas na beira da fogueira
Beijos, toques, olhares e carinhos no coração
Piruetas de trás pra frente
Rodopios quase infantis
Pausa para o descanso
Me pus dentro de seu pátio e inflei meus gritos de vitória
Bradei bandeiras em espiral, rodopios dentro de ti
Toquei citara e compus melodias de arranha céus muito maiores do que os muros de pedra
Pulei, saltei, engoli
Saliva e suores disparados do meu coração
E tu
Vibrante feito brisa
Se ateve em me aportar; rodopios dentro de mim
Mas no quinto dia útil
Um motim de fenos e gatos
Saltei muros antes da queda
De quem é a liberdade?
Pés em trilhas, pátio vazio, idéias soltas divagando
Espírito em curso pelas modas
Cambalhotas pelo mundo até o fim do equador
Mas gira o mundo, cai o dia
Cai a noite fria
E novamente me recolheste
Mãos sobrepostas na beira da fogueira
Beijos, toques, olhares e carinhos no coração
Piruetas de trás pra frente
Rodopios quase infantis
Pausa para o descanso
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Rasgue depois de ler
Não consigo Carlos…
É uma conclusão, uma acusação, uma ventania que invade os poros do rosto quando ficamos parados na frente da janela de um carro descontrolado a cem mil quilômetros por hora.
Não consigo deixar de me envolver.
Eu me tornei a pessoa que ela liga quando sente falta, quando quer mostrar seu projeto novo… Vaca! Como ela consegue? Ela passou mais de três meses dormindo sobre a bagunça dos meus cachos e agora consegue ser mais insensível que a pele de um leproso!
Queria saber quando foi que minhas expectativas deixaram de fazer parte das dela. Em qual parte do filme eu cochilei? Perdi alguma coisa? Fico me perguntando, Carlos… Eu sei o que você vai dizer. Vai dizer que se estivesse aqui me daria um tapa! Mas agora, depois de ter chorado quase uma noite inteira essas perguntas não me perturbam mais. O que me tira o sono é essa onda de desafeto generalizado porra! E pra ser ainda mais piegas do que esse gole de café que tomo agora, me atrevo a reclamar o que é meu. Sim, pois se era verdadeiro aquele sentimento vadio que sentia, ela me deve um pouco mais que algumas respostas evasivas.
Eu dei minha cara à tapa, Carlos. Disse que fecharia meus olhos… Deus! Eu fecharia os olhos! Dá pra acreditar? Logo eu?
Pode rir, mas não faz essa cara… Eu sei que mereço o tapa. Mereço!
Agora vou esperar esse tapa me despertar pro carnaval. Porque agora sim, definitivamente, sou uma solteira no carnaval carioca!
(Por Leticia Lopes in: http://whylifeisunfair.wordpress.com/)
É uma conclusão, uma acusação, uma ventania que invade os poros do rosto quando ficamos parados na frente da janela de um carro descontrolado a cem mil quilômetros por hora.
Não consigo deixar de me envolver.
Eu me tornei a pessoa que ela liga quando sente falta, quando quer mostrar seu projeto novo… Vaca! Como ela consegue? Ela passou mais de três meses dormindo sobre a bagunça dos meus cachos e agora consegue ser mais insensível que a pele de um leproso!
Queria saber quando foi que minhas expectativas deixaram de fazer parte das dela. Em qual parte do filme eu cochilei? Perdi alguma coisa? Fico me perguntando, Carlos… Eu sei o que você vai dizer. Vai dizer que se estivesse aqui me daria um tapa! Mas agora, depois de ter chorado quase uma noite inteira essas perguntas não me perturbam mais. O que me tira o sono é essa onda de desafeto generalizado porra! E pra ser ainda mais piegas do que esse gole de café que tomo agora, me atrevo a reclamar o que é meu. Sim, pois se era verdadeiro aquele sentimento vadio que sentia, ela me deve um pouco mais que algumas respostas evasivas.
Eu dei minha cara à tapa, Carlos. Disse que fecharia meus olhos… Deus! Eu fecharia os olhos! Dá pra acreditar? Logo eu?
Pode rir, mas não faz essa cara… Eu sei que mereço o tapa. Mereço!
Agora vou esperar esse tapa me despertar pro carnaval. Porque agora sim, definitivamente, sou uma solteira no carnaval carioca!
(Por Leticia Lopes in: http://whylifeisunfair.wordpress.com/)
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Medos privados, lugares públicos
Agora há pouco um homem brigava na rua, briga solitária de um olho só. Um louco, bradando alto com um desafeto imaginário.
- Um absurdo, isso contraria as normas do estatuto.
Dizia ele com o dedo apontado na cara do vento. Há muito devem lhe faltar inimigos, coisa triste tendo em conta que estes são os últimos ouvintes a te abandonarem.
Louco aquele homem, explanando suas rusgas debaixo do semáforo aos olhos dos pedestres. Loucura sob buzinas e pressa, loucura espalhada em vielas invisíveis, espremida entre compromissos e medos; urbanidade.
Continuei andando, deixei o homem e suas razões numa confusa encruzilhada e pensei no espaço apertado do meu apartamento. Pensei em quantas vozes suas paredes abafaram, em quantos rostos nasceram e morreram nos galhos das plantas subdesenvolvidas por falta de sol. Pensei na falta que meus inimigos me faziam e nas verdades que teria pra dizer.
Quis gritar, quis chamar, falar, bater, beijar, amar, matar... Enquanto me contentava em bradar minha colher de pau na cara do azulejo branco da cozinha cuspindo frases de repudio à tudo que me dói. Frases berradas por 4 m², concorrentes da água corrente da torneira aberta, do chacoalhar da maquina de lavar, do transito com a cara na janela, ou ainda do silencio das 2h40 da manha.
É... Brigava eu com os azulejos da cozinha, sorria eu com os cata-ventos da janela, gozava eu com gel, pilhas e downloads.
Que louco aquele homem exposto no passeio público.
- Um absurdo, isso contraria as normas do estatuto.
Dizia ele com o dedo apontado na cara do vento. Há muito devem lhe faltar inimigos, coisa triste tendo em conta que estes são os últimos ouvintes a te abandonarem.
Louco aquele homem, explanando suas rusgas debaixo do semáforo aos olhos dos pedestres. Loucura sob buzinas e pressa, loucura espalhada em vielas invisíveis, espremida entre compromissos e medos; urbanidade.
Continuei andando, deixei o homem e suas razões numa confusa encruzilhada e pensei no espaço apertado do meu apartamento. Pensei em quantas vozes suas paredes abafaram, em quantos rostos nasceram e morreram nos galhos das plantas subdesenvolvidas por falta de sol. Pensei na falta que meus inimigos me faziam e nas verdades que teria pra dizer.
Quis gritar, quis chamar, falar, bater, beijar, amar, matar... Enquanto me contentava em bradar minha colher de pau na cara do azulejo branco da cozinha cuspindo frases de repudio à tudo que me dói. Frases berradas por 4 m², concorrentes da água corrente da torneira aberta, do chacoalhar da maquina de lavar, do transito com a cara na janela, ou ainda do silencio das 2h40 da manha.
É... Brigava eu com os azulejos da cozinha, sorria eu com os cata-ventos da janela, gozava eu com gel, pilhas e downloads.
Que louco aquele homem exposto no passeio público.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Ressaca, maresia e fundo de baia.
parte 2: Sedimentação e metamorfismos; A cerimônia da vida.
Um dia fresco, nuvens redondas no céu, vento que passa e anda apressado pelas calçadas. Vento que sopra nos bares, lanchonetes, lojas de rua, entra no meu quarto e bagunça meus papeis. Dia diferente. Há uma promessa passeando pelas ruas, algo grande vai acontecer.
Camila não sabia bem o que esperava daquele dia amanhecido em novidade. Grande mentira, sim ela sabia o que esperava, mas também sabia que o que esperava era algo impossível de acontecer. Não podendo esperar pelo que queria, se perguntou o que de grande aconteceria naquele dia de nuvens redondas filtrando o sol e vento apressado mexendo em tudo, o que?
Suas náuseas andavam mais comportadas, não porque elas tenham sossegado sozinhas ou sob drogas coercivas às suas manifestações, mas Camila de alguma forma as adestrou. Não, ela não as dizia, sente, quieta, calada, não, não.. Mas ela aprendeu a olhar no fundo da espuma perolada acumulada na água da privada. Sentia seu cheiro, e ela cheirava à água recém fervida, trazia o calor do seu corpo e os odores de seus órgãos internos. Camila morria.
Morria e foi andar de bicicleta. O dia estava diferente, prometendo, iludindo, pedindo, preparando e anunciando algo grande.
Um anúncio calado, lançado em sopros fortes e luz meio fosca. Idéia mais torta de Camila. Não, o teto não se abriria e ecoaria uma voz entoando blasfêmia ou qualquer outra coisa, nem pra ralhar deus apareceria. Ninguém apareceria. Foram todos embora, menos a espuma perolada sobre a água do fundo da privada. Esta a encarava por diversas manhas, e quando a encarava em sua memória, a espuma voltava sob outras cores, cores olhadas nos olhos. Cores de amor agora jogadas à privada.
Algo grande se fazia necessário; um sorvete de creme, um barco, um mar, um beijo inseguro, um deslize do medo.
Camila vivia.
Vivia e foi andar de bicicleta.
Um dia fresco, nuvens redondas no céu, vento que passa e anda apressado pelas calçadas. Vento que sopra nos bares, lanchonetes, lojas de rua, entra no meu quarto e bagunça meus papeis. Dia diferente. Há uma promessa passeando pelas ruas, algo grande vai acontecer.
Camila não sabia bem o que esperava daquele dia amanhecido em novidade. Grande mentira, sim ela sabia o que esperava, mas também sabia que o que esperava era algo impossível de acontecer. Não podendo esperar pelo que queria, se perguntou o que de grande aconteceria naquele dia de nuvens redondas filtrando o sol e vento apressado mexendo em tudo, o que?
Suas náuseas andavam mais comportadas, não porque elas tenham sossegado sozinhas ou sob drogas coercivas às suas manifestações, mas Camila de alguma forma as adestrou. Não, ela não as dizia, sente, quieta, calada, não, não.. Mas ela aprendeu a olhar no fundo da espuma perolada acumulada na água da privada. Sentia seu cheiro, e ela cheirava à água recém fervida, trazia o calor do seu corpo e os odores de seus órgãos internos. Camila morria.
Morria e foi andar de bicicleta. O dia estava diferente, prometendo, iludindo, pedindo, preparando e anunciando algo grande.
Um anúncio calado, lançado em sopros fortes e luz meio fosca. Idéia mais torta de Camila. Não, o teto não se abriria e ecoaria uma voz entoando blasfêmia ou qualquer outra coisa, nem pra ralhar deus apareceria. Ninguém apareceria. Foram todos embora, menos a espuma perolada sobre a água do fundo da privada. Esta a encarava por diversas manhas, e quando a encarava em sua memória, a espuma voltava sob outras cores, cores olhadas nos olhos. Cores de amor agora jogadas à privada.
Algo grande se fazia necessário; um sorvete de creme, um barco, um mar, um beijo inseguro, um deslize do medo.
Camila vivia.
Vivia e foi andar de bicicleta.
Assinar:
Comentários (Atom)