sexta-feira, 28 de junho de 2013



Não sei,
Mas quando é gostoso, é muito
Quando não é gostoso, às vezes ficou puta
Mas ok, no saldo, tudo ok,
Mas porra, quando chega a hora da forra seguro a verdade
Que tenho vontade sem gratuidade
Mas não pode, não fode
Keep calm, 
E desvie o olhar



Tire os pilares
E a casa cai
Mas não é disso que to falando
Vamos acordar?
Um acordo entre duas
Entre duas partes
Sei
Dois é mais complicado
Delicia perigosa a simbiose
Melhor que fossem mil
Mas minha cabeça não para quando começa a girar
Quero pausar
Pousar em ti
Acordado?

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sobre onde quero chegar

Não sei sobre o que estou pensando. Se sobre a arte, se sobre a minha arte, se sobre o mundo, se sobre o papel da arte no mundo, se sobre o que vem, ou se sobre o que vai.

Arte política há muito saiu de moda, e hoje a ARTE chancela a exacerbação do individuo. Maneirismo e reprodutibilidade se encaixaram numa transa bem safada e a prole desse casamento se empapuça de Itaipava nas vernissages brasileiras e coleciona suvenires conceituais.

Nas rodas dos pensantes metem o pau no Romero Brito, no Vick Munis, no Damien Hirst... Desses é cool falar mal, eles merecem e isso é quase unânime. Mas dos cantinhos escuros da galeria, outras pedras atiradas, algumas sobre Adriana Varejão... Sim, cara Adriana, falam muito mal de você por trás das pilastras do cubo branco. Chamam sua arte de brasilidade clichê, de ser propositalmente palatável ao gosto dos fregueses nórdicos (Se me perguntarem o que eu acho do trabalho dela, vão ter que esperar eu conhecê-lo, até então, só sei que ela é maior gata). Mas não esquenta a cabeça, pois quem te enxovalha vende suas peças em liquidações coletivas em casas alugadas em “bairros vitrines”.

É só isso, Adriana, picuinha de circuitos... Queriam ganhar tanto quanto você. Mas fazer o que se o Sol nasce pra todos, mas o grau de luminosidade depende da inclinação de cada ponto da superfície desse planeta água?

Enfim... Mas não quero falar de você, cara Adriana, só quero descobrir aonde eu quero chegar.

Que projeto é esse ao qual me lanço? Onde quero deixar minhas pegadas? Em alguma história para além da minha?

Os artistas, juntos ou separados, galgam grana e há muito já sacaram que o trajeto até a galeria não é uma linha reta. Fingem, dissimulam, fazem que não tão nem aí... Mas a gente sabe aonde se quer chegar: fama, grana, sucesso. Nada contra a palavra sucesso, Bonsucesso é um bairro legal. Adoraria ter sucesso nos meus trabalhos, aliás, sucesso é algo que já tenho na minha vida... Mas não é desse sucesso do qual estou falando, falo daquele sob os flashes e sobre cifras.

Venho pensando nos manifestos. Venho pensando nos coletivos. Venho pensando no pacto social que vivemos todos os dias. Afinal, a arte pode lavar as mãos diante das nossas mediações políticas legitimada por sua dogmática inutilidade?

O caráter inútil da arte é sua maior potência, no entanto como já disse; maneirismo e reprodutividade se fuderam lascivamente ao som do tambozão fetichista desse capitalismo financeiro e simbólico. A partir disso toda a beleza da desconstrução do paradigma da causa final foi preterido pela causa final do dinheiro.

Chamo de capitalismo financeiro e simbólico, essa máquina de fazer capital nominal sem lastro material, não digo palpável, digo material, ou seja, substancial. Capitalismo especulativo, fetichista, simbólico. Este que decantou feito bigorna a partir da III revolução industrial (Meu Deus, que conceito antigo, na verdade anacrônico) Os anos 90 abriram tantas outras janelas, a internet e seus pares... E ainda depois disso o mundo decolou mais algumas vezes

O mundo decola e o ser humano cada vez mais submerso em realidades paralelas. Redes, redes... Redes que se findam no deserto. Bem, na verdade acho que estou sendo decadentista. Nem tudo é tão estéril assim. As redes se comunicam sim, mas é muita informação e um mesmo nó ata tanta coisa. Um mesmo nó ata tanta coisa, que me desculpem o trocadilho, mas sinto um nó na garganta, sinto um nó coração, e sinto que não é só o meu que bate comprimido, atravessado, vazado, perpassado, sobressaltado, confuso... Alvejado.

Mas enfim, retorno ao ponto de partida. Não sei se vasculho um universo particular ou um universo comum.

O que quero? Fazer uma arte manifesto? Ou só me expressar?

Quero entender? Entender o que?

Entender e rebater? Ser o rebote desse movimento que me leva como leva tantos outros?

Ser o mote do rebote desse movimento que me leva como leva tantos outros. Talvez seja isso. Vamos descobrir, vamos adiante, vamos mais distante, vamos!

Até a próxima!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Sobre o que eu quero que seja arte

Se isso ou aquilo é arte, se esse ou aquele é artista, se isso é bom ou não... São sensos de mesma origem.  Existem sistemas e sistemas, alguns dentro dos outros. Mercados e mercados, sempre tem tudo de tudo. E a arte de cima a baixo tem sistemas, atores, códigos, linguagens... Sempre tem pares e ímpares.

Nas rodas dos pensantes os dedos apontam pra onde se quer chegar, mas nunca na cara de ninguém. Também não acho que seja questão de por o dedo na cara de ninguém, salvo se for na cara dos grandes players, como gostam de dizer, ou na frente do espelho, isso sim ta faltando. Ninguém quer trabalhar, só querem grana fácil. E onde essa grana fácil está, lá o artista profissional estará também.

Um dos primeiros debates acadêmicos que tive sobre o sistema de arte foi sobre os artistas amadores versus os profissionais. Teça você esse debate, mas sabe aquela relação mercadoria/dinheiro/mercadoria? Então... É tipo inversão de valores, eu acho.

Um dia desses escutei algo curioso. Que não se deve vender uma obra de arte por menos de R$ 1000,00. Valores monetários inferiores depreciariam o trabalho do artista. Eu, como sempre, discordei rs. Se o trabalho é meu, o vendo por quanto o quiser, eu sei o seu valor, ou pelo menos sei o seu valor para mim e o valor que quero passar  e extrair das pessoas. Sei, ou acho que sei, o valor de um trabalho de R$ 1,00 nos diferentes circuitos.

É como se esses diferentes circuitos formassem uma espiral danteana atravessa por tirolesas e cordas de rapel postas pelos mais apressados em chegar ao topo.  E o dinheiro, como sinônimo de sucesso, circula cada vez mais alto. A engrenagem demanda que cada um saiba seu custo, logo, seu preço. De quê e de quanto se necessita.  Tem gente, coisas e mercados pra tudo nessa vida,  nesse mundo cada vez menor e denso, mas de palavras e ícones aerados pela circunstancia.  Mas o mau não é esse. O mau tá no arbítrio cifrado dos indivíduos sobre a circunstância. Me interrogo mais uma vez se não é o caso de NÃO se negar o peso mercantil das escolhas, mas justamente botá-las numa conta olhada de cabo a rabo, olhada nos olhos. Uma conta pensada socialmente.

Ultimamente tenho pensado em algumas ideias sobre arte, vida e política, como se pode perceber, rs. E sinto cada vez mais a necessidade de cautela. Talvez eu seja uma mulher lenta. Esse é o segundo conceito que roubo de Milton Santos, rs. Mas enfim... Com certeza sou uma mulher lenta também por isso tanta cautela, mas eu acho mesmo que tá tudo muito rápido e que o dinheiro tá falando sempre mais alto em todos os sentidos.  Por fim, o duelo de titãs nunca foi tão ensaiado.

De contra partida venho me encantando com a revolta dos envoltos. Tem caramujo com wi-fi que aprendeu a virar a antena para si e para os demais rastros gosmentos deixados pelo chão. E depois de muitos palcos áridos e/ou improvisados, uma rica produção pipoca no espaço virtual e sabe que tem como ter espaço social, ou melhor, como fazer parte de um espaço compartilhado. Logo, acredito na força da periferia voltada para si.

Quem faz é, até deixar de fazer, logo, deixar de ser, seja por morte natural ou social. Às vezes a lei é rápida: parou, morreu. Mas às vezes demora... O nome disso pode ser vários: legado, herança, especulação...
Enfim, creio que a assunção do trabalho e sua natureza dialogam com a natureza do publico, com a do mercado e com a da identidade do próprio artista. Enfim...  Como já dizia o cara com corpo de leão, decifra-se ou devoram-te.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Reflexões de passagens ou Feliz Ano Velho com outras palavras


Calendário novo, né camarada?
Então pega o liquid paper e conserta o último dígito que a roda completou 360.
Mas e aí, o que mudou?
Hora, hora meu jovem, nada
Nada muda se os mudos se calam
Ou se os cegos se cansam de ver
O plano continua o mesmo
A mesma bússola quebrada
A mesma puxada de tapete de sempre,
A mesma rasteira e o mesmo Aú
A mesma ginga, a mesma tirada, o mesmo de raspão, o mesmo senão, o mesmo por pouco, o mesmo na mosca, o mesmo na boa, a mesma lua, a mesma rua, tudo na sua
O mesmo soco na barriga
A mesma gargalhada debaixo da chuva
O mesmo gato preto debaixo da escada
A mesma falta de ar debaixo dos seus cabelos
A mesma festa desnorteada e onipresente, a mesma dor de tanto rir
Mas como a moeda gira
Paz/desespero
paz/desespero
paz/paz/paz/
loucuuuura
(PAUSA)
mais paz/paz/paz/paz
(             )
E o calendário maia?
E o calendário judeu?
E o calendário da receita federal?
Qual a próxima restituição?
Mas antes, quando vem o leão?
Já dei tanto a minha parte, recebi indevidos, o capital se misturou e o meu bolso furado
E o meu bolso furado
Perdi chaves, cigarros, números
Achei uma menina e um vestido
O calendário é sempre um achado
E o tempo sempre perdido, nos faz ordens em tom de pedido
Não é só rima, faz sentido, acredite, faz sentido
E o tempo sempre perdido nos faz ordens em tom de pedido
Mas soltaram os fogos e a beleza caiu na minha cabeça
Tentei gravar,
acho que consegui,
Sempre vou ter
um desejo de chorar
um motivo para sorrir
Não é só rima, faz sentido, acredite, faz sentido
Tentei gravar, juro
e acho que consegui
mais uma dose de vida no peito
é fogo e cinza, não tem jeito
é riso aberto
é chôro certo
é entropia cardia

"ano novo" é o caralho
e vai tomar um "bom dia"