sábado, 12 de janeiro de 2013

Sobre o que eu quero que seja arte

Se isso ou aquilo é arte, se esse ou aquele é artista, se isso é bom ou não... São sensos de mesma origem.  Existem sistemas e sistemas, alguns dentro dos outros. Mercados e mercados, sempre tem tudo de tudo. E a arte de cima a baixo tem sistemas, atores, códigos, linguagens... Sempre tem pares e ímpares.

Nas rodas dos pensantes os dedos apontam pra onde se quer chegar, mas nunca na cara de ninguém. Também não acho que seja questão de por o dedo na cara de ninguém, salvo se for na cara dos grandes players, como gostam de dizer, ou na frente do espelho, isso sim ta faltando. Ninguém quer trabalhar, só querem grana fácil. E onde essa grana fácil está, lá o artista profissional estará também.

Um dos primeiros debates acadêmicos que tive sobre o sistema de arte foi sobre os artistas amadores versus os profissionais. Teça você esse debate, mas sabe aquela relação mercadoria/dinheiro/mercadoria? Então... É tipo inversão de valores, eu acho.

Um dia desses escutei algo curioso. Que não se deve vender uma obra de arte por menos de R$ 1000,00. Valores monetários inferiores depreciariam o trabalho do artista. Eu, como sempre, discordei rs. Se o trabalho é meu, o vendo por quanto o quiser, eu sei o seu valor, ou pelo menos sei o seu valor para mim e o valor que quero passar  e extrair das pessoas. Sei, ou acho que sei, o valor de um trabalho de R$ 1,00 nos diferentes circuitos.

É como se esses diferentes circuitos formassem uma espiral danteana atravessa por tirolesas e cordas de rapel postas pelos mais apressados em chegar ao topo.  E o dinheiro, como sinônimo de sucesso, circula cada vez mais alto. A engrenagem demanda que cada um saiba seu custo, logo, seu preço. De quê e de quanto se necessita.  Tem gente, coisas e mercados pra tudo nessa vida,  nesse mundo cada vez menor e denso, mas de palavras e ícones aerados pela circunstancia.  Mas o mau não é esse. O mau tá no arbítrio cifrado dos indivíduos sobre a circunstância. Me interrogo mais uma vez se não é o caso de NÃO se negar o peso mercantil das escolhas, mas justamente botá-las numa conta olhada de cabo a rabo, olhada nos olhos. Uma conta pensada socialmente.

Ultimamente tenho pensado em algumas ideias sobre arte, vida e política, como se pode perceber, rs. E sinto cada vez mais a necessidade de cautela. Talvez eu seja uma mulher lenta. Esse é o segundo conceito que roubo de Milton Santos, rs. Mas enfim... Com certeza sou uma mulher lenta também por isso tanta cautela, mas eu acho mesmo que tá tudo muito rápido e que o dinheiro tá falando sempre mais alto em todos os sentidos.  Por fim, o duelo de titãs nunca foi tão ensaiado.

De contra partida venho me encantando com a revolta dos envoltos. Tem caramujo com wi-fi que aprendeu a virar a antena para si e para os demais rastros gosmentos deixados pelo chão. E depois de muitos palcos áridos e/ou improvisados, uma rica produção pipoca no espaço virtual e sabe que tem como ter espaço social, ou melhor, como fazer parte de um espaço compartilhado. Logo, acredito na força da periferia voltada para si.

Quem faz é, até deixar de fazer, logo, deixar de ser, seja por morte natural ou social. Às vezes a lei é rápida: parou, morreu. Mas às vezes demora... O nome disso pode ser vários: legado, herança, especulação...
Enfim, creio que a assunção do trabalho e sua natureza dialogam com a natureza do publico, com a do mercado e com a da identidade do próprio artista. Enfim...  Como já dizia o cara com corpo de leão, decifra-se ou devoram-te.

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